Canivete suíço para a luz
Os metamateriais e outros dispositivos fotônicos têm permitido aos cientistas lidar com a luz com uma flexibilidade cada vez maior.
  Torcer a luz e aprisionar arco-íris  são alguns exemplos dessas pesquisas recentes, que têm importância  crucial para que a tecnologia possa cruzar a fronteira entre a electrónica actual e a fotônica do futuro.
  Mas um grupo de engenheiros agora afirma ter construído uma espécie de "canivete suíço" para lidar com a luz.
  Alec Rose e seus colegas da Universidade Duke, nos Estados Unidos,  afirmam ter desenvolvido um material que permite manipular a luz de  forma quase tão flexível quanto a electrónica consegue manipular os  fluxos de eletrões.
  Até agora, o melhor que havia sido alcançado eram raios plasmônicos curvos, que ondulam como se fosse uma corda agitada por uma das pontas.
Não-linearidade
A solução mais versátil para a manipulação da luz foi encontrada nos metamateriais, mais conhecidos pelas suas aplicações nos mantos de invisibilidade.
  A luz que entra em um metamaterial pode ser reflectida, refractada ou  atenuada. Contudo, ao sair do outro lado, continuará sendo o mesmo raio  de luz - um fenómeno conhecido como linearidade.
  "Para alguns feixes de luz muito intensos, contudo, certos materiais  'não-lineares' violam essa regra básica, convertendo a energia de  entrada em um novo feixe de luz inteiramente distinto, com o dobro da  frequência original," explica Rose.
  Esse segundo feixe, conhecido como segunda harmónica, já é explorado  na alteração de cores em raios laser. Mas os materiais não-lineares  usados para isso são frágeis e é muito difícil ajustá-los para controlar  a direcção da segunda harmónica.
  O que os pesquisadores fizeram foi desenvolver um metamaterial que  consegue guiar a segunda harmónica. "O dispositivo simultaneamente dobra  e reflecte as ondas que entram na direcção que queremos," afirma Rose.
Comunicação inteiramente óptica
O dispositivo mede 20 centímetros de comprimento por 15 centímetros  de largura e cerca de um centímetro de altura. Ele foi construído com  segmentos individuais feitos do material de fibra de vidro utilizado nas  placas de circuito impresso.
  Cada segmento recebe círculos de cobre estampados sobre a superfície.  Cada círculo tem um pequeno intervalo, com uma ponte formada por um díodo. Quando é excitado pela luz que passa através dele, o díodo quebra  a simetria natural da onda, criando a não-linearidade.
"Essa magnitude de controle sobre a luz é exclusiva dos metamateriais  não-lineares, e pode ter consequências importantes para a comunicação  inteiramente óptica, onde a capacidade de manipular a luz é crucial,"  disse Rose.
  "A tendência no campo das telecomunicações é definitivamente óptica,"  afirma Rose. "Ser capaz de controlar a luz da mesma maneira que a  eletrônica controla as correntes elétricas é um passo importante para  transformar as atuais tecnologias de telecomunicações."
Fonte: inovacaotecnologica