Portugal é um dos países mais ricos da Europa em termos de energia solar. A insolação em Portugal Continental varia entre 1800 e 3100 horas de sol por ano. Para aproveitar este recurso estão a ser investidos, por exemplo, quase 600 milhões de euros no solar fotovoltaico.
A central de Serpa, com 11 MW de capacidade, e a de Moura, na qual vão ser instalados 46,41 MW de pico e 35 MW de potência de injecção na rede, são dois dos projectos mais emblemáticos do País, figurando entre os maiores do mundo. No entanto, a escala de produção é um dos dilemas que se colocam relativamente a este tipo de investimentos. Para António Sá da Costa, presidente da Associação de Energias Renováveis (Apren), «a aposta na vertente fotovoltaica não deve ser feita em projectos de grande escala, da mesma maneira que a bicicleta não dá para ser um transporte de massas», afirma.
Muito pequena, pequena e média dimensão. É nesta escala que Nuno Ribeiro da Silva, presidente da Sociedade Portuguesa de Energia Solar (SPES), também vê o futuro da fotovoltaica. «É negativo e contraproducente investirmos em projectos megacentralistas. Não faz sentido praticar uma cultura intensiva de painéis solares. É como termos um mono, um elefante perdido num monte alentejano», compara. A solução passa por diversificar as utilizações dos painéis, em explorações agrícolas, hotéis, escolas, e outros edifícios públicos.
A Associação Portuguesa da Indústria Solar (Apisolar) é outra entidade contra os projectos de grande dimensão. «Uma potência de 62 MW é megalómana. No máximo aprovaríamos três centrais de 5 MW e repartidas pelo País», defende o presidente da associação, Carlos Campos. «A conta é muito simples: 62 MW equivalem a 24 800 pequenos sistemas de 2500 W, o que daria para 248 empresas se criarem e instalar cada uma delas 100 sistemas de 2500 W, o que é muito», enfatiza.
No mesmo sentido, Sá da Costa lembra que existem perto de 3 milhões de casas em Portugal. «Se em 10 por cento for instalada essa potência, teremos 800 MW, disseminados em 300 mil projectos, ou seja, uma potência 12 vezes superior à que será instalada em Moura», reflecte. «Ao contrário da centralização da potência, é preciso descentralizar», conclui Carlos Campos.
Fonte: Ambiente Online
Fonte: Ambiente Online
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